A influência dos barris de carvalho no vinho
- Redator
- 22 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
Como os barris de carvalho afetam as características do vinho

Antes de entrarmos no assunto, é importante esclarecer que o vinho não é envelhecido em carvalho. O envelhecimento começa a contar a partir do momento em que o vinho é engarrafado. Sendo assim, qualquer passagem da bebida por barris antes de ser engarrafada é descrita como amadurecimento. Ou seja, o vinho amadurece em barris.
Assim, o amadurecimento em barris afeta o vinho da seguinte maneira:
Permite a entrada controlada de oxigênio, o que torna o vinho mais palatável, principalmente por suavizar sua adstringência.
Fornece um ambiente perfeito para que ocorram determinadas reações químicas, como a fermentação malolática, que transforma o ácido málico do vinho em ácido lático, tornando-o mais cremoso.
Acrescenta cores, aromas e sabores que são passados ao vinho através do contato com a madeira.
Adiciona textura (corpo) e taninos que também são acrescidos ao vinho através do contato com a madeira.
Mas quais os principais tipos de carvalho usados no vinho?

Existem duas espécies mais utilizadas na produção de vinhos.
Quercus alba (carvalho branco americano) Cresce em todo o leste dos EUA, principalmente no estado do Missouri. Quercus petrea (carvalho branco europeu) Comumente encontrado em países como França, Hungria e Croácia.
A principal diferença física entre o carvalho americano e europeu é a sua densidade, já que o europeu é descrito como sendo um carvalho mais denso, permitindo que menos oxigênio entre em contato com o vinho.
Por essa característica, o carvalho europeu é preferido pelos produtores para estagiar vinhos mais leves e sutis, como o Pinot Noir.
Um bom exemplo de Pinot Noir com passagem por barricas francesas é o Schubert Selection Pinot Noir, um ótimo exemplar da Ilha Norte da Nova Zelândia.
O vinho passa por 12 meses em carvalho francês adquirindo aromas e sabores sutis de especiarias, toques defumados, de baunilha e tabaco, sem perder o frescor e a fruta, que é característica marcante da uva Pinot Noir.
Quais os principais aromas e sabores que os vinhos adquirem com o estágio em carvalho?
Dependendo da espécie e da nacionalidade, o carvalho oferecerá ao vinho perfis de aromas e sabores ligeiramente diferentes.
O carvalho francês, por exemplo, é conhecido por transferir ao vinho aromas e sabores de maneira mais sutil, enquanto o americano é o oposto, oferecendo aromas e sabores mais intensos.
Frutos secos, amêndoa torrada, açúcar queimado, madeira nova, coco, especiarias, defumados e baunilha são os principais aromas e sabores que o vinho adquire com o estágio em carvalho.
É importante mencionar que os aromas e sabores extraídos do carvalho vão ficando menos intensos cada vez que o barril é usado.
Tempo de maturação e uso dos barris
De maneira geral, os vinhos tintos passam maior período de estágio em carvalho do que os vinhos brancos, e o tempo de maturação vai depender das preferências do enólogo, bem como do tipo de vinho e das regras estabelecidas por cada região ou denominação de origem.
Um novo clássico de alta gama do novo mundo, e excelente surpresa na lista dos Descorchados 2024, com 94 pontos, um Cabernet intenso que representa Maipo Andes com excelência, o Cuatro Almas, amadurece 2 anos em barricas novas de carvalho francês de 225 litros, Um vinho tinto Rioja Reserva, tem estágio mínimo de 1 ano em carvalho, enquanto o Rioja Gran Reserva deve estagiar por pelo menos 18 meses.
Tamanho de barris e pontos de tosta
Os barris menores, geralmente de 225 litros, têm maior influência sobre o vinho do que as barricas maiores. Isso acontece porque nos barris menores a superfície de contato é maior em relação ao volume.
Além da barrica tradicional de 225 litros, outros dois tamanhos são bastante utilizados:
Foudre – 1000 litros;
Pipa – 550 litros;
Mas esses não são os únicos tamanhos. O espanhol Castillo de Belarfonso Garnacha, por exemplo, estagia 6 meses em barris de carvalho francês de 500 e 700 litros de vários usos.
A filosofia do produtor deste vinho é utilizar barris de diversos tamanhos e diversos usos, para a fruta permanecer em evidência.
Os barris de carvalho são montados através do encaixe das ripas de madeira, que são aquecidas para que se tornem flexíveis. O aquecimento é feito através de água quente, vapor ou fogo.

A tosta da madeira tem basicamente três níveis: baixa, média e alta, e cada uma delas interfere de uma forma diferente no vinho. De modo geral, quanto maior o nível de tosta, mais aromas e sabores a madeira passará ao vinho.
Conclusão
Como vimos nesta publicação, barris de carvalho de diferentes tamanhos, níveis de tosta e quantidades de uso fazem parte da produção de inúmeros vinhos, sejam brancos ou tintos. Os barris podem mudar significativamente o perfil de um vinho, interferindo na sua coloração, aromas, sabores e textura.
Vale lembrar que o estágio em carvalho é benéfico para tornar mais palatáveis os vinhos de bastante estrutura e longevidade, mas isso não significa que o uso do barril seja essencial para todo e qualquer vinho.
Existem exemplares jovens, leves e de bastante frescor que intencionalmente não passam por barricas, justamente por não se beneficiarem do estágio em madeira.
Um brinde!
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Fonte: Revista Adega
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